AME na vida adulta, esporte e autonomia

Atualizado em 26 de fevereiro de 2021 |
Publicado originalmente em 29 de janeiro de 2021

Leia o depoimento de Leandro Kdeira, jogador de bocha adaptada que coordena projetos sociais voltados para crianças e adolescentes com deficiência

Conciliar o trabalho com momentos de lazer e descanso não é nada fácil, mas o coordenador de projetos Leandro Oliveira da Silva ou Leandro Kdeira, de 37 anos, encontrou um ótimo jeito de unir as duas coisas. Ele atua em uma ONG que oferece oficinas de ballet, jazz e capoeira para crianças e adolescentes, em Barueri (SP), onde também participa como jogador de bocha, uma de suas paixões.  

Foi em 2012 que o atleta, também conhecido como Leandro “Kdeira”, teve o seu primeiro contato com a bocha adaptada e descobriu que o fato de ele ter AME tipo 3 e estar em uma cadeira de rodas não o impediria de praticar o esporte. “Eu fiquei encantado com a modalidade e quis compartilhar. E desde então a gente vem convidando outras pessoas com deficiência que se enquadram dentro da modalidade. Hoje, já estamos com 15 atletas”, explica.


Autonomia

Consagrado como o primeiro atleta de bocha de Barueri, Leandro vive uma rotina agitada de muito trabalho, treino e visitas periódicas ao médico, cenário que ele jamais imaginaria aos 14 anos, quando perdeu completamente o movimento das pernas por decorrência da AME. “Eu vivi um período de luto, da não aceitação da cadeira de rodas, e o que me fez abrir a mente foram as experiências das outras pessoas, ter um referencial e ver uma pessoa que tem uma doença semelhante à sua ou não, mas que já passou por esse processo e a vida seguiu”, relembra.

Para o atleta, os familiares e amigos tiveram um papel fundamental na sua ressocialização e retomada da vida ativa. Após perder a mãe durante uma viagem de férias para a Bahia, ainda na infância, Leandro passou um tempo morando com os avós, mas logo retornou para São Paulo e ficou sob os cuidados de uma tia. Foi com o apoio dela, de seus primos e seus colegas que ele conseguiu driblar as dificuldades decorrentes da doença.


Rotina e liberdade

Além da cadeira de rodas, que foi sua principal adaptação, a casa onde ele mora também precisou de ajustes nos degraus e no banheiro para que ele conseguisse ter conforto e independência. Na hora de realizar a higiene pessoal e fazer as transferências, ele conta com o auxílio da tia e dos primos

Atualmente, Leandro trabalha em casa e não necessita de nenhum auxílio para digitar e usar o computador. Quando precisa sair, ele conta com ônibus adaptados e rampas para acessar os lugares.

O atleta atribui a melhora na qualidade de vida com o fato de ter uma vida social ativa, seja no trabalho ou no esporte, e acredita que esses fatores amenizam a progressão da doença. “O pensamento é: viver com autonomia e liberdade ‘apesar de’:  apesar de estar em uma cadeira de rodas, apesar de ter uma condição física limitante, mas sempre com o pensamento de que a cadeira de rodas não nos prende. Eu não estou preso em uma cadeira de rodas, na verdade a cadeira de rodas é o que nos dá liberdade”, afirma.

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E, lembre-se: se o simples complicar, investigue! Conheça aqui os sinais da AME nos jovens e adultos.

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