O que são bebês molinhos

Atualizado em 19 de maio de 2020 |
Publicado originalmente em 09 de março de 2020

Corpo flácido demais nos pequenos pode ser um sintoma de problemas de saúde

A maioria dos bebês chega ao mundo com certo tônus muscular, já flexionando e agitando os bracinhos e perninhas. Mas alguns deles são mais “molinhos” que os demais, mostrando pouca resistência muscular para segurar a cabeça e o pescoço ou para realizar movimentos fortes de membros. Esses recém-nascidos, quando no colo, por exemplo, mostram-se mais flácidos, quase como bonecas de pano - e podem ser o que é chamado de floppy babies, termo em inglês para hipotonia (diminuição do tônus muscular). Com o passar do tempo e do desenvolvimento, eles podem não atingir os marcos motores ou até perder aqueles que já tinham adquirido.

Essa condição pode aparecer sem uma causa específica, que é a chamada hipotonia congênita benigna. Mas ainda pode ser sintoma de algum problema no cérebro, na medula espinhal, nos nervos ou nos músculos, como: má formação do cérebro ou danos nele por falta de oxigênio antes ou depois do nascimento; causas genéticas, como síndrome de Down; e de algumas doenças raras, como a Atrofia Muscular Espinhal (AME).

Mas nem sempre é sinal de um grande problema. Se o bebê é prematuro, por exemplo, a redução do tônus muscular pode estar relacionado à imaturidade do desenvolvimento neurológico, sendo possível que o quadro melhore com o crescimento do pequeno.

O importante é que os pais monitorem os filhos para verem se o desenvolvimento deles está de acordo com as fases estabelecidas pelas organizações de saúde e médicos, fornecendo tratamentos, caso necessários.


Afinal, o que é um bebê mais molinho que outros?

Ao completar um mês, os pequenos geralmente já levantam a cabecinha. Um pouco depois, aos dois meses de vida, eles a mantém erguida por curtos períodos e até, em alguns casos, conseguem apoiar o peso nos braços e levantar os ombros. Daí em diante, eles vão aprendendo novos movimentos e respostas ao ambiente em que estão a uma velocidade impressionante!

Para saber se os bebês são considerados molinhos, ou seja, se seu corpo é considerado hipotônico, há sinais para serem observados, que dependem da intensidade e momento em que aparecem. Em alguns casos, as evidências aparecem nos primeiros minutos de vida, nas verificações de rotina dos recém-nascidos, e em outros podem se manifestar no primeiro ou segundo anos dos pequenos.


Entre os sintomas mais frequentes da hipotonia estão:

  • Falta de controle da cabeça – o bebê não consegue controlar os músculos do pescoço e sua cabeça cai para trás, frente ou lados.

  • Bebê flácido – principalmente ao erguê-lo com as mãos sob as axilas dele, os braços podem ser erguidos sem resistência.

  • Pouca flexão nos membros– ao descansar, o pequeno mantém braços e pernas em linha reta ao invés de um pouco flexionados nos cotovelos, quadris e joelhos.

  • Dificuldade na alimentação – ainda pode demonstrar problemas de sucção e de deglutição.

Observar atentamente o desenvolvimento do seu bebê é extrema importância! Se identificar os sinais, vá atrás de orientação médica adequada para entender o que tudo isso pode significar e buscar tratamentos ou outros exames, em caso de suspeita de doenças.

No caso da AME, a hipotonia é uma indicação importante. Como, apesar de poder se manifestar em diferentes fases da vida, os primeiros sintomas - a própria hipotonia e fraqueza muscular progressiva, além de dificuldade em sentar-se, engatinhar, respirar e comer - costumam aparecer até os dois anos de vida. Para os pais, é sempre importante ficar alerta às dificuldades dos bebês, por mais improváveis que sejam: o que diferencia o incomum do impossível é que o primeiro existe - o raro também pode acontecer. E, o quanto antes o diagnóstico for feito, melhor, assim, o tratamento adequado pode ser iniciado para um futuro mais promissor para o paciente e sua família.


Referências Bibliográficas:

1. Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS. Manual para vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da AIDPI. Washington, DC; 2005.

2. Leyenaar J; Camfield P; Camfield C. A schematic approach to hypotonia in infancy. Paediatr Child Health. 2005;10(7):397-400.

3. D’Amico A, et al. Spinal muscular atrophy. Orphanet Journal of Rare Diseases 2011, 6:71.

4. Kolb SJ; Kissel JT. Spinal Muscular Atrophy. Neurol Clin. 2015; 33(4): 831–846.

5. Mercuri E, Pera MC, Brogna C. Neonatal hypotonia and neuromuscular conditions. Handbook of clinical neurology. 2019 162():435-448

6. Fahey M. Floppy baby. J Paediatr Child Health. 2015 Apr;51(4):355-6.

7. WHO Multicentre Growth Reference Study Group. Acta Paediatr Suppl. 2006; 450:86-95.

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